Marcha dos Imigrantes 2011 reivindica POR NEHUM DIREITO A MENOS - VOTO JÁ
Por: Thiago Baltazar - São Paulo 5 de dezembro de 2011
Sob o sol do meio dia e debaixo da chuva que ameaçava cair, imigrantes de diversas partes do mundo marcharam no centro de São Paulo reivindicando o direito ao voto. A manifestação deste domingo (4) teve início na Praça da República, passou pelo vale do Anhangabaú e seguiu até a Praça da Sé. Com o lema
POR NEHUM DIREITO A MENOS - VOTO JÁ
“AQUI VIVO AQUI VOTO”,
o protesto seguiu os moldes das manifestações internacionais realizadas com a mesma solicitação, como a que ocorreu na Espanha recentemente. Representantes parlamentares como o deputado federal Carlos Zarattini do PT e a vereadora Juliana Cardoso do mesmo partido discursaram em apoio à causa. Ambos vestiram a camiseta da campanha Eu Amo Bolívia.
A 5ª Marcha dos Imigrantes foi promovida pelo CAMI (Centro de Apoio ao Migrante), CDHIC (Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante) e pelo CPM (Centro Pastoral do Migrante). Roque Patussi, coordenador do CAMI falou ao Bolívia Cultural sobre o potencial queprotestos como este possuem para o reconhecimento dos direitos dos imigrantes. “A manifestação pública tira as pessoas da invisibilidade e elas começam a existir. Quando isto ocorre, começam a ter seus direitos e então, começam ser parte da sociedade”. Para o coordenador, há muito mais a ser feito após a regularização do imigrante no país. “Nós temos dito que só ter um documento na mão não é o suficiente O imigrante pode até se prevenir de problemas contra a lei, mas não lhe dá garantia de direitos. Para isso, ele tem que lutar".
Em entrevista ao Bolívia Cultural, o deputado Carlos Zarattini afirmou que sem o voto, não é possível que o governo desenvolva projetos para atender as necessidades dos imigrantes. “Várias políticas públicas que poderiam ser feitas para os imigrantes tanto em relação à saúde, educação como cultura acabam não sendo oferecidas exatamente porque não existe a força do voto popular”, disse.
Em frente à prefeitura de São Paulo, foi lido um manifesto em comemoração ao Dia Mundial dos Migrantes que ocorrerá no próximo dia 18 de dezembro. O documento reivindica a adesão do Brasil na Convenção da ONU sobre os Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e de suas Famílias em substituição do atual Estatuto do Estrangeiro.
A vereadora Juliana Cardoso falou ao Bolívia Cultural sobre as razões que levaram o governo brasileiro a adotar uma postura rígida perante a imigração. “Isso vem da época da ditadura. O governo militar com alguns mecanismos legais, tentava impedir que um povo viesse para o Brasil ajudar no processo de democratização. Era a época do Che Guevara onde as pessoas se preparavam para sair em guerrilha. Esse mecanismo veio e ficou. Depois disso, ninguém teve uma ação para retirá-lo. Essa luta é muito antiga e nós temos que conquistá-la”, disse.
O voto para o imigrante ainda não é reconhecido pela Constituição brasileira. No entanto, esta situação pode mudar. No próximo ano, uma frente de luta irá solicitar este direito em Brasília. Zarattini explicou como esta lei pode ser alterada. “Nós precisamos fazer uma emenda constitucional. Ela exige 3/5 dos votos da câmara e do senado pra que seja aprovada”. Mas o deputado adverte. “Vamos ter uma longa luta pela frente”.
Enquanto os manifestantes passavam pelas ruas históricas e estreitas do centro de São Paulo, alguns lojistas que trabalham na região aplaudiam o movimento. Para os que não faziam ideia do que se tratava, Veronica Yugra explicava no microfone que os imigrantes reivindicavam apenas os mesmos direitos dos cidadãos nascidos no Brasil.
As crianças foram presença importante. Com cartazes na mão elas avançavam até a Praça da Sé e repetiam ao lado de seus pais: “Voto já!”.
Diversas apresentações culturais agitaram o protesto, como o cantor de rap MC Choque, os grupos folclóricos San Simón e Kantuta Bolívia além da banda de música andina Peru Inca. Cerca de 600 pessoas participaram do ato que terminou por volta das 16h.
Paulo Illes, coordenador do CDHIC afirmou para o Bolívia Cultural que a manifestação já deu resultados. “Durante a Marcha, conseguimos um acordo importante com o deputado Carlos Zarattini que se comprometeu a levar adiante o projeto da emenda constitucional. Cabe a nós da sociedade civil e dos movimentos dos imigrantes preparar um projeto consistente, mostrando que o voto é uma realidade no mundo e que o Brasil é o único país da América Latina a não reconhecer esse direito ao imigrante”. Para Illes o número de manifestantes foi o esperado, porém a prioridade era a participação ativa dos que estavam presente. “A comunidade respondeu. Para nós é muito mais importante uma marcha onde a pessoas se sintam parte do processo do que fazer um show. A organização, a comunidade e os grupos que vieram estão de parabéns”, disse.
Deputado Saratini do PT (Partido dos Trabalhadores).
Luis Basegui do Grito dos Excluidos Continental.
Vereadora do PT (Partido dos Trabalhadores).
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