24 de janeiro de 2011 - 10:43
Luciano Amarante
Ekeko é famoso por realizar todos os sonhos materiais de seus fiéis
Bolivianos: cada vez mais presentes na vida paulistana
Lucas Pimenta
Uma das colônias mais recentes e alegres da Capital, os bolivianos se tornaram personagens marcantes da vida de São Paulo e dos paulistanosDe acordo com o consulado do País, a metrópole já tem mais de 200 mil bolivianos vivendo na Capital. Concentrados nas regiões do Brás e Pari, a maioria chegou a São Paulo nos anos de 1980, e mesmo com a exploração em trabalhos escravos em indústrias têxteis, devido à ilegalidade, alguns vencem e não pensam em voltar.
A dona de loja de importação Alícia Orellana, 59 anos, está no Brasil há 23 anos e após trabalhar como costureira e ser explorada por coreanos, trabalhando 22 horas por dia, venceu os obstáculos e, hoje, tem seu comércio e pagou ensino superior aos filhos. “Tenho saudades da Bolívia, mas, aqui, apesar de ter trabalhado muito, tive a chance ganhar dinheiro e crescer. Hoje, sou uma mulher realizada”, contou.
O empresário Jorge Meruvia, 47 anos, deixou a Bolívia há 28 anos, atrás da namorada que fugiu grávida para o Brasil e que, hoje, é sua mulher, com quem tem quatro filhos. Após passar sete anos na ilegalidade, trabalhando como ajudante de mecânico, don Jorge, hoje, é dono de dois restaurantes e é um dos fundadores da Feira da Kantuta, que reúne mais de 4 mil bolivianos. “Morei até na rua, depois aluguei um quarto e quando consegui meus direitos foi uma alegria. Lembro até hoje da minha primeira conta em banco. É importante que o boliviano trabalhe, lute e conquiste seu espaço”, comentou.
Culinária conquista adeptos com pimenta, carne e batata processada
Não tão badalada como a culinária francesa, a gastronomia boliviana também vem mostrando sua força na Capital e conquistando mais espaço. Carregados de pimenta, carne e batata processada, que é cozida no gelo devido a uma tradição andina, os pratos ganharam os brasileiros e já podem ser encontrados em mais de 20 restaurantes da cidade.
Um dos mais tradicionais da cidade, o Illimani, localizado na Rua Coimbra, tem como principais pratos chicarron (foto) e o fricasé, que tem gosto muito apimentado, milho e carne de porco, além da batata processada. “O sabor é muito bom e bem parecido com a comida brasileira. A pimenta não incomodou e, com certeza, vale a pena”, disse a estudante brasileira Marina Sakovic, que é fã da culinária andina
Para quem deseja preparar seus próprios pratos ao estilo boliviano, os principais condimentos podem ser encontrados em importadoras na Rua Coimbra ou na Feira da Kantuta e o principal sucesso são os nutritivos Maca e Kinua, ricos em vitaminas. “Tinha um amigo brasileiro, taxista, que era muito nervoso. Mas, começou a tomar os dois e, hoje, parou de fumar e está disposto”, disse a importadora Alicia Orellana.
Hoje, comunidade comemora o dia do deus da abundância, o Ekeko
Enquanto os paulistanos se preparam para o aniversário de São Paulo, comemorado amanhã, os bolivianos comemoram, neste dia 24, uma das datas mais importantes de seu calendário: o dia do Ekeko, o deus da abundância.
Conhecido pela imagem de um boneco, o Deus é famoso entre as comunidades andinas por realizar todos os sonhos materiais de seus devotos e, hoje, na Rua Coimbra, no Brás, reduto boliviano na cidade, mais de 15 mil pessoas deverão se reunir em meio a músicas e comidas típicas, além da adoração ao Ekeko.
“É uma das festas mais importantes de nosso País. O Ekeko é o deus que realiza todos os sonhos. Seja um carro, casa ou qualquer bem material, ele concede”, relatou Jorge Meruvia, que organiza o evento.
Para os mais céticos, o boliviano garante que a festa, que começa às 15h, terá muita diversão, além de típicos bruxos bolivianos que irão ao local. Para quem acredita no poder do deus, Meruvia comprova a eficácia: “Sempre quis um bom carro, mas, com a ajuda do Ekeko, consegui vencer minhas dificuldades e, hoje, até tenho o que queria
“Nosso objetivo é acabar com a ilegalidade”
Principais problemas da imigração boliviana ao País e, especificamente, em São Paulo, a ilegalidade e a exploração de trabalho escravo estão sendo combatidas pelo governo brasileiro junto ao consulado boliviano na Capital.
Quem garante é o cônsul geral da Bolívia em São Paulo, Jaime Valdivia Almanza, que diz que, somente nos últimos três anos, três leis de parceria foram feitas entre as nações e estão contribuindo para a legalização dos imigrantes, além de blitz e outras ações policiais para evitar a exploração
Almanza aponta ainda a unidade da Polícia Federal na Rua Coimbra, como exemplo do processo. Segundo o cônsul, o ponto legaliza, em média, mais de 5 mil pessoas por mês. “Nosso objetivo é acabar com a ilegalidade. Esse é o nosso objetivo e grande desafio. Há 30 anos era mais difícil, mas, hoje, com a parceria entre os governos, estamos caminhando. Lutamos contra o tráfico de pessoas e contra essa exploração do ser humano”, comentou Almanza.
Combater a ilegalidade e a exploração do trabalho são os grandes desafios do governo brasileiro em relação à imigração boliviana. Parceiro neste trabalho, o cônsul geral da Bolívia na Capital cita alguns avanços, como a legalização de 5 mil bolivianos, em média, realizada mensalmente pelo posto da Polícia Federal na Rua Coimbra
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