Boliviana é agredida dentro de escola no bairro Vila Nova Cachoeirinha
Por: Angelina Miranda - São Paulo 14 de Outubro de 2011
O Brasil país de todos, de todas as culturas, povos e cores mostrou infelizmente mais uma vez na semana passada que alguns brasileiros não são tão conscientes e nem respeitam os imigrantes como deveriam.
A boliviana natural de La Paz, no Brasil há dez anos Eusebia Careña Mamani, 33 anos, foi agredida pelo pai de um aluno dentro do colégio em que sua filha estuda, a Escola Estadual Joaquim Nabuco, no bairro Vila Nova Cachoeirinha.
Na quinta feira, 6 de outubro, por volta das 17h30 dona Eusebia foi chamada ao colégio, pois sua filha Lisete de 8 anos, foi acusada de pegar um óculos de uma colega de classe.
Coincidência ou não, há algum tempo a filha chegava em casa reclamando que algumas crianças da sua sala pegavam pertences de outros alunos e colocavam na sua bolsa.
Mesmo sendo brasileira, carrega os traços indígenas dos seus antepassados, como a pele morena e os cabelos negros e lisos. Talvez por isso tenha sido vitima desse tipo de “brincadeira”, e ignorada nas atividades, conversas e mesmo nos trabalhos escolares em grupo.
Convocados pela diretoria, os pais da menina compareceram e dona Eusebia estava sozinha com seu filho
e sete meses.
Estavam discutindo a situação, até que o senhor Elton Jonathan Villalba, se exaltou e começou a insultar a imigrante “Sua porca, vocês são lixos seus bolivianos nojentos, voltem todos pra sua terra!”.
Ela também devolveu os insultos. Em seguida, foram separados e a boliviana foi levada a uma sala, mas o agressor foi atrás dela. Sem se preocupar com a criança que estava em seus braços, a arrastou pelos cabelos e a agrediu com tapas e socos, “Ele estava me batendo, e eu quase deixei a criança cair” afirma Eusebia.
Aos gritos pediu para chamar a polícia que chegou por volta das 19h. Antes de fugir segundo dona Eusebia, Elton ainda a ameaçou de morte, se a visse no colégio de novo. Com escoriações e hematomas pelo corpo, foi levada pela PM ao Hospital Vila Nova Cachoeirinha, onde foi medicada.
Um BO foi feito na 40º DP pela diretoria da escola, mas no documento consta apenas que ambos os pais estavam exaltados e que não houve agressão física.
O CDHIC (Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante) interveio, e vai encaminhar um ofício para Câmara Municipal de São Paulo, para que o poder público se posicione a respeito do caso.
Na segunda feira, 11 de outubro, dona Eusebia fez o BO e com o esposo Clemente Wilson Quispe voltou ao colégio acompanhada por uma agente comunitária, e pela dentista Verônica Quispe que atendeu a boliviana na UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) Vila Espanhola um dia depois da agressão, e sensibilizada percebeu que o caso não restringia apenas à saúde.
Esta última relata como foram recebidos “A diretora da escola nos recebeu e afirmou categoricamente que não há problemas de bullying na escola. Deixou claro que acha que a culpa é da criança e inclusive insinuou que a Sra. Eusebia estivesse mentindo” conta Verônica.
Maria Angélica Mugnai na diretoria da escola há nove anos afirma que situações como essa nunca aconteceram no colégio, foi um caso isolado “Mediamos o encontro dos pais para resolverem um problema escolar, e num dado momento se deram as ofensas”.
Quando perguntada sobre as agressões sofridas pela boliviana responde: “Não duvido da palavra dela, mas nem eu, nem os professores e funcionários virão ela ser agredida”.
Segundo a diretora há uma parcela relevante de bolivianos que estudam na escola, junto com brasileiros e todos convivem em harmonia “Sobre buillying nunca tivemos nenhuma reclamação a esse respeito”.
A pedido dos pais a pequena Lizeth vai ser transferida para outro colégio, mas está traumatizada com o ocorrido, como conta Wilson “Ela não quer estudar lá nem em outro lugar tem medo que a história se repita” conclui o pai.
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