Trabalho escravo é um dos temas do ciclo de debates que comemorou os 10 anos da Revista Forum
Por: Angelina Miranda - São Paulo 26 de Setembro de 2011
Numa casa ampla e grafitada no bairro do Cambuci foi onde aconteceu a festa de 10 anos da Revista Forum no sábado (24), para comemoração foi feito um ciclo de debates que teve início às 10h.
Nas mesas de debates personalidades da política, economia e comunicação, como os jornalistas Rodrigo Viana, Luis Nassif, Luis Carlos Azenha e o político José Dirceu, entre outros.
Um dos assuntos mais atuais e discutidos foi o trabalho escravo, em específico o caso ZARA, marca internacional que utilizava mão de obra escrava dos bolivianos na cidade de São Paulo para confecção de roupas.
Para tratar da questão foi convidado Paulo Illes do CDHIC (Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante), Leonardo Sakamoto jornalista e diretor da Repórter Brasil, a jornalista da Revista Forum Adriana Delorenzo e a Ana Maria Gonçalves que estava nos Estados Unidos e participou via skype.
Segundo Leonardo Sakamoto esse caso foi peculiar “Muitas empresas já foram autuadas por trabalho escravo como a Marisa, Pernambucanas e 775, mas o caso ZARA é diferente. Seu público não é popular trata-se da classe média alta, isso gerou impacto” afirma.
O caso ZARA tomou tamanha visibilidade, que foi noticiado em 45 veículos internacionais e 120 nacionais, além do fato de ter caído quatro pontos na bolsa de Madri.
Mesmo com o alvoroço em torno da questão a grande massa consumidora da marca não vai deixar de comprar, mas haverá mudanças no mercado “O público se preocupará apenas de início, mas os investidores terão cautela e pensaram duas vezes em apostar numa empresa que está na ficha suja do trabalho escravo” conclui Sakamoto.
O mercado têxtil da cidade é constituído em sua maioria de imigrantes bolivianos, Paulo Illes refletiu sobre a questão e relata os obstáculos encontrados no trabalho social feito pelo CDHIC “Percebemos o preconceito por parte dos donos de oficina, recentemente um chegou a mim e disse que as oficinas que produziam para a ZARA estavam em boas condições, em comparação com as demais” diz.
Outra questão discutida foi levantada por Adriana Delorenzo, que questionou como fica a situação dos imigrantes quando libertados do trabalho escravo. Já que há casos de reincidência, graças às falhas nos métodos de reinserção deste individuo na sociedade.
Neste processo entra o trabalho de instituições sociais que agem de maneira independente, buscando novos caminhos e oportunidades para esses imigrantes, sem deixar de lado a insistência e cobrança junto ao poder público.
O debate ainda tratou do trabalho rural, latente no interior da cidade e norte e nordeste do país. Em casos de fazendeiros que têm mil cortadores de cana e nenhum com registro CLT. Bem como casos registrados na construção civil, inclusive em obras do governo como o Luz Para Todos e o Minha Casa Minha Vida.
O debate foi propício para discutir e saber mais sobre os processos do trabalho escravo, que não tem predileção étnica e sim social. O trabalho escravo vem de longa data, e apenas se transforma com o passar do tempo constituindo características contemporâneas. Antes nas cozinhas e lavouras da sinhá, hoje nas oficinas de costura.
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