Comunidade boliviana celebra Alasita, o Ekeko Deus da abundância
Por: Angelina Miranda - São Paulo, 25 de Janeiro de 2012
“O que será que eles vão fazer aí?” Essa pergunta era feita a toda hora pelos moradores do bairro Vila Guilherme ao verem chegar famílias e grupos de amigos bolivianos ao espaço onde acontece a tradicional Festa de Alasitas, realizada nesta terça-feira (24).
Na entrada do local, muitas barracas com artesanatos e tecidos traziam um pouco das peculiaridades da Bolívia, num calor beirando os 30ºC.
Para os brasileiros presentes, não só os pés conheciam novas experiências, a boca também. O prato paceño (de La Paz) a base de (choclo) milho branco, carne, queijo frito, abas (fava) e batatas cozidas, era um dos mais procurados, também pela comunidade boliviana. Sopa deManí (amendoim) e o chicharrón (carne de porco) eram uma das outras opções de prato.
Mas a gastronomia era secundária, o foco era a fé e a devoção ao Ekeko, Deus da Abundância. Celebrado e reverenciado antes mesmo da chegada do catolicismo na Bolívia pelos colonos, sendo uma tradição pagã dos povos incas com o tempo se fundiu com a religiosidade cristã. Resgatando a cultura ancestral presente até os dias de hoje.
Na festa deste ano a representação do Ekeko foi feita pelo ator boliviano Juan Cusicanki. No palco saudou a todos com uma mensagem em aimará, que traduzida para o português significa “Irmãos nunca vou me esquecer de vocês, não se esqueçam dos nossos povos antigos. Vamos brindar o dia de hoje e agradecer às deidades Pachamama (mãe terra) e Tata Inti (pai sol)”.
Pela segunda vez no papel, tenta expressar o sentimento de representar o Ekeko “É muito emocionante, as pessoas me tocam acreditam naquilo não é apenas uma representação é muito mais que isso” afirma emocionado.
No meio do povo, seguiu em cortejo com a banda Wiscachani.
De longe os adereços chamavam a atenção, grandes notas de dinheiro, miniaturas de carros, casas e outros bens materiais (alasitas) e alimentos pendurados no poncho. Vindo da região do altiplano com baixas temperaturas as meias, calça e o chullo (gorro) compunham o Deus da prosperidade.
Dançava animadamente enquanto jogava notas falsas de dinheiro em euro, real e peso boliviano para o alto, cada um da multidão tratava de garantir a sua notinha. Cercado de seguranças para evitar o assédio dos fiéis, bebia cerveja e depois jogava um pouco no chão, em ato de gratidão à Pachamama .
Enquanto isso as filas eram grandes para abençoar as alasitas. Os yatiris (uma espécie de benzedeiros) abençoavam os objetos passando-os na fumaça de incenso e regando-os com vinho e álcool, mas o ritual era conjunto, o dono das alasitas também tinha que jogar os líquidos nos objetos que reprecentam o desejo de bens materiais do ano que começa.
Ao final do trajeto muitos tiraram fotos com Juan, para guardar de recordação, como a jovem boliviana Juinca, que veio à São Paulo passar férias, “A festa é muito bonita e parecida com a da Bolívia, mas nunca será exatamente igual, mas o importante é que os que estão aqui podem recordar um pouco do nosso país” disse.
O primeiro dia da Festa de Alasitas, contou com apresentações da banda Los de Pukara, com mais de 30 anos de estrada vieram diretamente da Bolívia. Carlos Bayón baterista do grupo falou ao Bolívia Cultural sobre a importância da festa para a comunidade boliviana, “É muito bonito ver que a nossa gente está se organizando em outro país e não esquecendo o mais importe, de onde viemos”.
No segundo e último dia da festa que coincide com o aniversário de 458 anos de São Paulo os grupos Kantuta Bolívia e Sociedad Folclórica Boliviana animaram o público com a apresentação de danças folclóricas como o caporal, tinku e a cueca.
Segundo dados da Associação Gastrônomica Cultural Folclórica Boliviana Padre Bento, que organiza o evento, no dia 24 cerca de 20mil pessoas passaram pela festa de Alasitas 2012.
* O evento teve apoio da Aerosur, Hola Andina, Western Union, IDT e Consulado da Bolívia.
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